Ronco e apnéia (Medicina do Sono)
O ronco é o ruído causado pela vibração de tecidos durante sua passagem através de estruturas das vias aéreas superiores como a nasofaringe, orofaringe, palato, úvula, amígdalas, adenóide e/ou outros. Estima-se que cerca de 33% da população adulta brasileira tem problemas de ronco e/ou apneia atualmente.
Quando dormimos ocorre redução do tônus muscular da faringe estreitando a região. Esse estreitamento é suficiente para obstruir parcialmente a faringe. Fazendo com que o fluxo do ar ocorra com dificuldade, provocando a vibração das partes moles da garganta e o consequente ruído, chamado popularmente de ronco. Por muito tempo, pensou-se que esse problema era estritamente social.
Portanto, há muitos anos atrás alguns pesquisadores iniciaram estudos a respeito do ronco e começaram a perceber que o ronco é o início de uma doença muito mais perigosa e danosa a saúde chamada de Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono (SAOS). As apnéias acontecem quando a vibração dos tecidos na via aérea superior é tão intensa que faz as mesmas colabarem, impedindo o fluxo de ar até o pulmão durante o sono. Noventa a cem por cento do pacientes que roncam apresentam ou apresentarão apnéia no decorrer do tempo, pois a doença é evolutiva e progressiva.
As apnéias são definidas como uma interrupção do fluxo de ar pelas vias aéreas superiores por pelo menos 10 segundos. E são consideradas uma doença quando ocorrem com frequência maior do que 5x por hora de sono. Durante um evento de apnéia o paciente apresenta aumento da pressão arterial, queda na oxigenação do sangue, aumento da frequência cardíaca e também ocorrem microdespertares. Todas essas alterações aumentam de maneira significativa a chance do paciente desenvolver ou agravar doenças cardiovasculares como arritmias cardíacas e infarto do miocárdio, além de doenças como derrames (Acidentes Vasculares Cerebrais – AVC) e doenças metabólicas como diabetes.
Ainda é uma doença pouco diagnosticada e estima-se que 90% dos indivíduos que possuem SAOS ainda não possuem o diagnóstico. O indivíduo com apnéia do sono raramente percebe que tem dificuldade para respirar durante o sono. Por esse motivo, a doença geralmente passa despercebida ao longo de vários anos até o seu diagnóstico. Em muitos casos, a suspeita da doença ocorre por outras pessoas que observam os episódios de apnéia ou devido aos seguintes sintomas que podem ser observados:
- Ronco alto e interrompido
- Sono agitado
- Engasgos noturnos
- Sonolência excessiva durante o dia
- Despertares frequentes
- Levantar-se para urinar à noite
- Pesadelos
- Sono não reparador
- Fadiga crônica
- Dor de cabeça pela manhã
- Irritabilidade
- Apatia, Depressão
- Dificuldade de concentração
- Perda de memória
- Impotência sexual
Os profissinais habilitados para tratamento de ronco e apnéia pelo Conselho Federal de Medicina são os Otorrinolaringologistas, Pneumologistas, Neurologistas e Psiquiatras. Portanto, ao menor sinal dessas alterações procure o seu médico para uma correta avaliação e diagnóstico. Para que o tratamento ocorra o mais rapidamente possível, pois existem uma gama enorme de terapias possíveis para os casos de ronco e apnéia. Todos com excelentes índices de cura e melhora da qualidade de vida dos pacientes. Porém, quanto antes o problema for diagnosticado e tratado maiores são as opções de tratamento e as chances de cura.
Dr. Lucas Ludwig – Médico Otorrinolaringologista – CREMERS 31.883
Residência Médica em Otorrinolaringologia no Hospital Vera Cruz, Campinas-SP
Especialização em Rinologia na Universidade de Stanford, CA